Andor em pinhões nas festas do Espírito Santo

. domingo, 27 de maio de 2007
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São necessários entre 350 mil e 400 mil pinhões para enfeitar o andor que hoje sai à rua na festa do Espírito Santo. Uma iniciativa antiga que a população se esforça por não deixar morrer.É que, se isso acontecer, o ramo é enterrado e nunca mais volta a ser enfeitado.
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A tradição é antiga e mobiliza dezenas de pessoas da freguesia que, durante meses, andam numa verdadeira azáfama a apanhar pinhas e a juntar muitos, muitos pinhões. Tantos que têm de chegar para enfeitar o andor que hoje sai à rua nas festas do Espírito Santo, uma aldeia na freguesia de Soure.
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Com efeito, desde Janeiro que a comissão de festas, composta por cinco casais, e grande parte da população, se tem juntado, ao domingo à tarde, para preparar os pinhões que vão enfeitar o andor, ou “ramo” como lhe chamam. Um processo que requer muita paciência e «dá muito trabalho», diz António Ferreira, da comissão de festas deste ano. E explicando conta que em Novembro as pinhas são apanhadas e ficam a secar até Janeiro, altura em que começa o trabalho de recolha dos pinhões. As pinhas são queimadas e abertas para se retirarem os pinhões que são partidos, escolhidos e limpos e enfiados em linha de um metro cada. «São necessários entre 350 mil e 400 mil pinhões e 800 metros de fio», conta António Ferreira, sublinhando que, este ano, foram envolvidas neste processo cerca de 40 pessoas. Começa então todo o trabalho de enrolar os fios de pinhões no “ramo” que, enfeitado ainda com duas pombas (uma delas também em pinhão) sai hoje à rua durante a procissão, «representando o Espírito Santo».
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As festas começaram na sexta-feira e terminam na segunda--feira, mas é hoje que acontece o seu ponto alto, com a procissão, pelas 15h00, que atrai muitos visitantes. Não tantos quantos a comissão desejaria, até porque esta é uma festa que, lamenta o mordomo, «ainda não é muito conhecida». No último dia são eleitos os mordomos do próximo ano, a quem é entregue o “ramo” que é desmanchado e oferecido à população. «Distribuímos as fiadas de pinhões e uma fatia de bolo por todas as pessoas que contribuíram para a realização da festa», explica António Ferreira.
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Sem saber exactamente quais as origens desta iniciativa, até porque não existe grande tradição de apanha de pinhão no concelho de Soure, António Ferreira garante, no entanto, que esta é uma festa «muito antiga e muito pouco conhecida». «Pelo que investiguei existe, pelo menos, há 350 anos», afirma. Mas certo será, pelo menos, que a tradição se tem cumprido ano após ano. Até porque, «diz-se que quando não houver ninguém para agarrar no “ramo” ele enterra-se no cemitério e acaba», explica, adiantando que, até hoje, isso nunca aconteceu.

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